Dos muitos grupos de escravos vindos para o Brasil, três categorias ou nações se destacaram:
- Negros Fons ou Nação Jeje
- Negros Yorubás ou Nação Ketu
- Negros Bantos ou Nação Angola
Cada uma dessas três nações tem dialeto e ritualística próprios. Houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas nações. Por exemplo:
- Na Nação Jeje, os deuses são chamados de Voduns.
- Na Nação Ketu, de Orixás.
- Na Nação Angola, de Inkices.
Nação Jeje
A palavra Jeje vem do iorubá adjẹjẹ, que significa “estrangeiro” ou “forasteiro”. Portanto, não existe e nunca existiu uma nação Jeje em termos políticos.
O que é chamado de Nação Jeje é o candomblé formado pelos povos Fons, vindos da região de Dahomé, e pelos povos Mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos Yorubás às pessoas que habitavam o leste, porque os Mahins eram uma tribo do lado leste, e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul.
O termo Saluvá ou Savalu vem de Savê, que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das divindades, teria uma das suas origens nos Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Odudua, o fundador de Savê, tendo, neste caso, relação com os povos Fons.
Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos pertenciam aos povos Jeje. Esses povos se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como:
- Axântis
- Gans
- Agonis
- Popós
- Crus
Portanto, havia dezenas de idiomas para uma única tribo, ou seja, todas eram Jeje. Isso contradiz as leis da linguística, uma vez que muitas tribos falavam diferentes idiomas ou dialetos, mas cultuavam os mesmos Voduns. As diferenças linguísticas existiam entre, por exemplo, os Minas, Gans, Agonis, e Popós, que falavam a língua das Tobosses.
Os primeiros negros Jeje que chegaram ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e, de lá, desceram para Salvador, Bahia, e depois para Cachoeira e São Félix. Nessas regiões, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís, Salvador, Cachoeira e São Félix, o Amazonas e, mais tarde, o Rio de Janeiro, foram outros lugares onde se encontram evidências dessa cultura.
Os Voduns
Alguns dos Voduns, ou seja, os deuses adorados pelos povos Jeje, incluem:
- Ayzan – Vodun da nata da terra
- Sogbô – Vodun do trovão, da família de Heviosso
- Aguê – Vodun da folhagem
- Loko – Vodun do tempo
Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto os da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté, e do sexo feminino, de Doné.
Os cumprimentos ou pedidos de bênçãos entre os iniciados da família de Dan são:
- Megitó Benoí? Resposta: Benoí
Aos iniciados da família Kaviuno (Doté e Doné), é dito: - Doté Ao? Resposta: Aótin
O termo utilizado, Okolofé, cuja resposta é Olorun Kolofé, surge da fusão das nações de Jeje e Ketu.
Origem e Classificação dos Voduns Jeje
Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. No entanto, o culto a esses Voduns se desenvolveu principalmente no antigo Dahomé. Alguns desses Voduns não se fundiram com os Orixás Nagôs e, por isso, desapareceram completamente.
Um exemplo é o culto à serpente Dãng-bi, que nasceu em Ajudá, migrou para o Dahomé, atravessou o Atlântico e chegou até as Antilhas.
Classificação dos Voduns Jeje
No Jeje Mahin, os Voduns são classificados como “povo da terra”, também conhecidos como Voduns Caviunos. Exemplos desses Voduns incluem:
- Azanssu
- Nanã
- Becém
Há, também, o Vodun chamado Ayzain, que vem da nata da terra. Esse Vodun “nasce” sobre a terra e é o protetor da Azan, onde Azan significa “esteira” no dialeto Jeje. No dialeto Gans-Crus, o termo correspondente é Zenin, Azeni, Zani ou ainda Zoklé.
Outro Vodun relacionado à terra é Loko, que, apesar de estar associado aos astros e à família de Heviosso, também pertence à família Caviuno, porque Loko é a árvore sagrada, a gameleira branca – uma árvore de grande importância na Nação Jeje. Os filhos de Loko são chamados de Lokoses.
Ague e Azaká são também Voduns da família Caviuno. A família de Heviosso é encabeçada por Badë e Acorumbé, também conhecido como Runhó, filho de Sogbô.
Relações entre Voduns e Orixás
A divindade Mawu-Lissá pode ser comparada ao Orixá Oxalá dos Yorubás. Sogbô tem semelhanças com o Orixá Xangô dos Yorubás. O filho mais velho de Sogbô, o deus do trovão, seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite. Anaite pertence a uma família que vem da linhagem de Aziri; as Aziris ou Tobosses seriam equivalentes às Yabás dos Yorubás, formando assim a família Aziritobosse.
Estrutura e Espaço Sagrado do Candomblé Jeje
No dialeto Ewe-Fon, a casa de candomblé da nação Jeje é chamada de Kwe, que significa “casa”. A casa matriz localizada em Cachoeira e São Félix chama-se Kwe Ceja Undé.
Toda casa Jeje precisa estar situada afastada das ruas, em áreas florestais onde haja árvores sagradas e rios, pois depende da natureza para seu culto. Esses espaços incluem:
- Matas
- Cachoeiras
- Animais, como o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante, que estão identificados com os Voduns
Esse local sagrado, onde fica o Kwe, é chamado de Runpame, que significa “fazenda” na língua Ewe-Fon. Assim, a casa de candomblé chama-se Kwe, e o local onde ela está situada é o Runpame.
No Maranhão, predominam os cultos às divindades como Azoanador e Tobosses, entre outros Voduns. Nessa região, a “sacerdotisa” é chamada de Noche e o cargo masculino de Toivoduno.
Histórico no Brasil

A casa Kwe Ceja Undé, localizada em Cachoeira, é conhecida como Roça de Baixo. Foi fundada por escravos como Manoel Ventura, Tixerem, Zé do Brechó e Ludovina Pessoa. Ludovina Pessoa era esposa de Manoel Ventura, que, no contexto africano, é considerado o dono da terra. Juntos, eles eram os donos do sítio e fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe também era conhecida como Pozerren, que vem de Kipó, significando “pantera”.
A Roça de Cima, também localizada em Cachoeira, é oriunda do Jeje Dahomé, uma variação do Jeje. A liderança dessa roça pertencia a Sinhá Romana, que era “irmã de santo” de Ludovina Pessoa. Mais tarde, Ludovina assumiria o cargo de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura. Na hierarquia da Kwe Ceja Undé, Manoel Ventura é considerado o fundador, seguido por Sinhá Pararase, Sinhá Balle e, atualmente, Gamo Loko-se.
Há controvérsias em torno da sucessão da liderança na Kwe Ceja Undé. Gamo Loko-se foi escolhida por Sinhá Pararase para ser a verdadeira herdeira do trono. No entanto, Gaiacú Agué-se, também conhecida como Elisa Gonçalves de Souza, é a atual proprietária da terra. Ela pertence à família Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores e sucessores da Kwe Ceja Undé.
No Rio de Janeiro, após a saída de Cachoeira, Tatá Fomutinho realizou obrigações com Maria Angorense, também conhecida como Kisinbi Kisinbi.
Cargos e Hierarquia
Os cargos mais importantes na hierarquia da Nação Jeje incluem:
- Babalawo: Também chamado de “Pai dos Segredos” (awô), o Babalawo é altamente respeitado na cultura Yorubá. Ele é o conhecedor dos mistérios e segredos do culto a Orunmilá e, por isso, é sacerdote de Ifá. Somente o Babalawo pode manipular o Rosário de Ifá, chamado de opelé-ifá em Yorubá e de agú-magá na língua Ewe, falada pelos Fons ou Jejes. Na cultura Jeje, Ifá é conhecido como Vodun-fá, ou “Deus do Destino”, e o Babalawo é chamado de Bokunó.
- Ogan: Os cargos de Ogan na Nação Jeje são assim classificados:
- Pejigan: O primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra “Pejigan” significa “Senhor que zela pelo altar sagrado”, sendo Peji = “altar sagrado” e Gan = “senhor”.
- Runtó: O tocador do atabaque Run, um dos tambores usados no candomblé Jeje. Os atabaques Run, Runpi e Lé são Jejes. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú.
Outros cargos de Ogan incluem:
- Gaipé
- Runsó
- Gaitó
- Arrow
- Arrontodé
A Nação Jeje é bastante particular em suas propriedades, vivendo de forma independente em seus cultos e tradições, com raízes profundas no solo africano e trazida fielmente ao Brasil pelos negros.
Ajoié e Ekedi
A palavra Ajoié é o equivalente feminino do título de Ogan. Ekedi ou Ekejí vem do dialeto Ewe, falado pelos Fons ou Jejes. Portanto, o correspondente Yorubá de Ekedi é Ajoié, que significa “mãe que o orixá escolheu e confirmou”. Assim como os outros Oloyés, uma Ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão.
Função e Importância de uma Ajoié
A Ajoié deve ser sempre chamada de mãe por todos os integrantes da casa de orixá, sendo costume trocar com ela pedidos de bênçãos. Os comportamentos determinados para os Ogans também devem ser seguidos pelas Ajoiés.
Em dias de festa, uma Ajoié deve vestir-se com seus trajes rituais, usar seus fios de contas, um ojá na cabeça, e carregar no ombro sua inseparável toalha. Essa toalha é sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também o símbolo de seu óyé (cargo que ocupa).
A toalha da Ajoié tem várias funções, incluindo enxugar o rosto dos Omo-Orixás que estão manifestados. Além disso, a Ajoié é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os Omo-Orixás nos dias de festa, bem como pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nesses dias.
Contudo, a função da Ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, das roupas e de outros itens. Ela também atua como a porta-voz do orixá em terra. Em muitas ocasiões, é a Ajoié que transmite ao Babalorixá ou à Yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa.
No Candomblé do Engenho Velho (Casa Branca), as Ajoiés são chamadas de Ekedis. No Gantois, elas são chamadas de Iyárobá. Já na Nação de Angola, recebem o título de Makota de Angúzo.
Como mencionado anteriormente, “Ekedi” é um termo de origem Jeje, que se popularizou e passou a ser conhecido em todas as casas de candomblé no Brasil, independentemente da nação.
Abiyan
Nos cultos afro-brasileiros, existe uma categoria de pessoas classificadas como Abiyans. A palavra Abiyan significa:
- Abi = “aquele que”
- An = uma contração de Onã, que quer dizer “caminho”.
Abiyan
As duas palavras aglutinadas formam o termo Abiyan, que significa “aquele que começa um novo caminho”. O Abiyan é uma pessoa que está iniciando uma nova vida espiritual.
O Abiyan também pode usar fios de contas lavados, realizar a obrigação de bori e, em alguns casos, até ter o orixá assentado. Ele é um pré-iniciado e não apenas um frequentador, como muitas vezes é classificado. O Abiyan pode desempenhar várias atividades dentro do terreiro, como por exemplo:
- Varrer;
- Ajudar na limpeza;
- Auxiliar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá;
- Lavar louças;
- Ajudar na decoração do barracão.
O Abiyan pode realizar todas essas tarefas sem maior envolvimento religioso.
O período de Abiyan é de grande importância, pois é durante esse tempo que o recém-chegado no candomblé passa a observar o comportamento e conviver com os já iniciados. Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abiyan antes de se iniciarem no candomblé. Portanto, é importante destacar a relevância desse estágio, conhecido como Abiyan.
Vale ressaltar que o frequentador, em Yorubá, é chamado de Lemó-mú.
Dialeto Ewe – Algumas Palavras mais Utilizadas
Aqui estão algumas palavras mais comuns no dialeto Ewe:
- Esin = Água
- Atinçá = Árvore
- Agrusa = Porco
- Kpo = Pote
- Zó ou Izó = Fogo
- Avun = Cachorro
- Nivu = Bezerro
- Bakuxé = Parto de barro
- Kuentó = Kuentó
- Yan = Fio de contas
- Vodun-se = Filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje
- Yawo = Filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu
- Muzenza = Filho do vodun ou iniciados da Nação Angola
- Tó = Banho
- Zandro = Cerimônia Jeje
- Sidagã = Auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba
- Zerrin = Ritual fúnebre Jeje
- Sarapocã = Cerimônia feita 7 dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a) no Jeje
- Sabaji = Quarto sagrado onde ficam os assentos dos Voduns
- Runjebe = Colar de contas usado após 7 anos de iniciação
- Runbono = Primeiro filho iniciado na Casa Jeje
- Rundeme = Quarto onde ficam os Voduns
- Ronco = Quarto sagrado de iniciação
- Bejereçu = Cerimônia de matança
NAÇÃO KETU
O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda a história da humanidade. O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade, aí chamada de orixá. A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral. Basicamente, este culto está assim organizado:
- Olorun – Senhor Supremo ou Deus Todo-Poderoso.
- Olodumare – Senhor do Destino.
- Orunmilá – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá).
- Orixá – Divindade de comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer “aquele que pode ser possuído pelo Orixá”.
- Egungun – Espíritos dos Ancestrais.
Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos.
O MITO DA CRIAÇÃO Yorubá
Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com cinco dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme.
Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda a Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda a Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalá furou com seu opasorô o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um líquido refrescante, que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.
Olodumare, vendo que Oxalá não havia cumprido sua tarefa, enviou Oduduwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose.
Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada a Oxalá: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros. Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumaré.
Essa situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. O último, Oxalá, foi então derrotado, e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé, ou “O primeiro Rei de Ifé”.
Cargos (postos) ocupados em um Ilê Axé
- Olóyès, Ogãns e ÀjòièsIyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo, é o posto mais elevado do Ilê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorixás.
- Iyaegbé/Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto paralelo ao da Iyalorixá ou Babalorixá.
- Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores.
- Iyakekere: Mãe pequena do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê.
- Ojubonã: É a mãe criadeira.
- Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú, junto com a Agimuda, Agba e Igèna.
- Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.
- Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos Otun-Dagan e Osi-dagan.
- Iyabassé: Responsável pelo preparo dos alimentos sagrados. Todos os Olorixás podem auxiliá-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual.
- Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando e usa toalha de Orixá no ombro.
- Aiyaba Ewe: Responsável por determinados atos em obrigações de “cantar folhas”. Geralmente filhas de Oxun.
- Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.
- Ològun: Cargo masculino, despacha os Ebós das grandes obrigações. A preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.
- Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações na falta de Ològun. São filhas de Oya.
- Mayê: Cuida das coisas mais secretas do axé, ligadas à iniciação do Adoxú.
- Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.
- Oyê: Relaciona-se com a Yaefun/Babaefun, ou seja, coisas de AWO para iniciação.
- Olopondá: Grande responsabilidade na iniciação, no âmbito altamente secreto.
- Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado enquanto este se encontra de obrigação.
- Kólàbá: Responsável pelo Làbá, símbolo de Xangô.
- Agimuda: Relacionada ao Ipadê de Exú. Aquela que carrega a espada. Título feminino usado no culto de Oya e Geledé.
- Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do axé.
- Iyasíhà Aiyabá: É quem segura o estandarte de Oxalá.
- Omolàra: Posto de confiança.
- Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de AWO.
- Akòwé Ilê Xangô: É a secretária da casa de Xangô. Zela por Orô e compras.
- Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.
- Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Traz axé de Ogun. Trabalha em conjunto com a Iyalorixá/Babalorixá, Oloyês e Ogans. Não pode errar. É responsável direto pelos sacrifícios do início ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai e também possui sub-postos Otun e Osi.
- OgaláTebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-postos Otun e Osi.
- Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas, é obrigado a se levantar de madrugada para fazer a ALVORADA, cerca de 40 minutos antes. Se uma autoridade de outro axé chegar ao Ilê, o Alagbê deve prestar-lhe as devidas homenagens, “dobrar o Ilù” e até oferecer sua própria cadeira. Também possui sub-postos Otun e Osi.
- Alagbá: Responsável pela administração civil do axé.
- Àjòiè: Camareira do Orixá, também chamada Ekédi.
- Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô, que possui sub-postos Otun e Osi.
- Teololá: Aquela que acompanha os Obas de Xangô.
- Sobalóju: Título masculino e feminino, sendo o mais importante e atraente, o preferido do rei.
- Mawo: Pessoa de grande confiança.
- Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.
- Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.
- Balóde: Ogan de Odé.
- Aficodé: Chefe do Aramefá (seis corpos), ligado ao Ilê Odé.
- Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé.
- Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.
- Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian, que toca o Ilù dedicado a Oxalá.
- Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e aos cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.
- Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e cuida dos interesses civis do axé.
- Leyn: Pessoa de Ogun ou Odé, que zela por Ogun.
- Alagbede: Pessoa que trabalha com ferro e metais, forjando as ferramentas do axé.
- Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá.
- Gymu: Àjòiè de Omolu, que cuida de tudo relacionado a Omolu, Nanã e Ossany.
- Kaweó: Ligado ao Ilê Ossaiyn.
- Ogòtún: Ligado ao Ilê Oxun.
- Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.
- Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.
- Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.
- Abogun: Ogan que cultua Ogun.
Algumas das palavras mais utilizadas no Candomblé:
- Abô e Oubikó = carneiro
- Coquém e Sacuê = galinha-d’angola
- Adié = galinha
- Uabaodié = galinha, galo
- Malu = boi
- Aban-malu = vaca
- Ifé e Olofu = gato
- Akokorô = galo
- Pekeié e Apepeié = pato
- Exie atabexi = cavalo
Patapá = burro - Ajaú e Adiaia = cachorro
- Eran e Abô = carneiro
- Aledá e Ledé = porco
- Agutan = ovelha
- Euré = cabra
- Taleu-taleu = peru
- Ajapá e Logozé = cágado
- Adjiniju = elefante
- Ouê-êyá = rabo grande
- Koji = leão
- Zamba = elefante
- Xenimi e Xenifidam = sapo
- Abô-agutam = ovelha
- Oguri = peixe
- Eiyele = pombo
- Alodé = periquito
- Ohá e Dudô = macaco
Partes do corpo:
- Ará = corpo
- Ory = cabeça
- Ipakó = nuca
- Etu = orelha
- Imum = nariz
- Iban = queixo
- Irun = cabelo
- Irun-ban = barba e bigode
- Efin = dente
- Eeté = lábios
- Apá = braço
- Qué = mão
- Esse e Alessé = pé
- Itankó = coxas
- Idi-cu = ânus
- Kitaba e Ebeu = vagina
- Éepã = testículo
- Ogungum = osso
- Enum = boca
- Erã e Ancê = carne
- Ejé = sangue
- Euú e Oju = olhos
- Okan = coração
- Eigiká = ombros
- Obó = nádegas
- Akô = macho
- Abam = fêmea
- Mulembu = dedo
- Rivenum = barriga
Utensílios de Casa (Família):
- Ilê = casa
- Ajaké e Tapacê = mesa
- Jajá = esteira
- Egui = carvão
- Nlê = teto
- Anda = rede
- Tainguém = mesa
- Tânta-laiá = lâmpada, luz, clarão
- Jará = quarto
- Aputi = banco
- Ilê-ageun = cozinha
- Cumbaú = cama
- Idiôçu = cadeira
- Ajeké-neulune = fogão
- Teçu = candeeiro de querosene
- Odu-ikekê = panela grande
- Itá = travessa, tigela de louça vidrada
- Obé-farÁ = faca tridente, garfo tridente ou lança tridente
- Ikkô = panela
- Obé = faca
- Oberó = alguidar
- Obé-nuxo-inxó = faca de ponta
Termos Relacionados à Família:
- Babá-nla = avó, patriarca
- Babassá = irmão gêmeo
- Aua-mete = tio
- Okorim = esposo, marido
- Yá-lé = mulher favorita
- Omâm omoborim = filho
- Babá = pai
- Bi-egun = viúva
- Okebiã = noivo
- Obirim = esposa, mulher
- Mô-obirim e Obirim-mim = minha mulher
- Exi omobirim = filha
- Ya-nla = avó
- Muturi = viúva
- Yá = mãe
- Ikobassu = solteiro
- Oko-Okorim = homem
- Ô-madê = menino
- Tata-mete = primo
- Okuamuri = casado
Vestuário:
- Axó = roupa
- Ubatá = sapato
- Abatá e Batá = sapatos
- Filá = gorro, capuz de Obaluayê
- Akêtê = chapéu
- Ojá = fita, faixa
- Peké-pe’é = chapéu-de-sol
- Axó-dudu = roupa suja
- Abadê = toalha
Cores:
- Dudu = preto
- Fin-fun ou Mandulé = branco
- Obádo = verde
- Eivikei = vermelho
- Okâm = azul
- Mucumbe = roxo
- Kiobambo = amarelo
Bebidas:
- Omim = água
- Otin-nibé = cerveja
- Otin-dudu = vinho tinto
- Otin-fum-fum = aguardente
- Oin = mel
- Aluá = refresco brasileiro feito de rapadura com casca de abacaxi ou tamarindo
- Xeketé = feito de milho e gengibre
- Emeium = feito com epô
- Furá = feito com diversas frutas
Nação Angola:
Cargos na Nação de Angola:
A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto, também chamado de Candomblé da Nação de Angola no Brasil, ganhou maior destaque na comunidade afro-brasileira. Esses negros, ou bantos, devido à língua que falavam, seguiam tradições religiosas de lugares como Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda, entre outros. O culto banto possui uma liturgia própria, diferenciada das culturas yorubá e fon.
Cargos e Funções em um Candomblé Banto:
- Tata Ria Inkice = Zelador / Pai
- Mameto Ria Inkice = Zeladora / Mãe
- Tata Ndenge = Pai pequeno
- Kixika Ingoma = Tocador
- Tata Kambono = Ogan
- Tatta Kivonda = Aquele que sacrifica os animais
- Kinsaba = O que colhe folhas
- Kikala Mukaxe = Filho de santo
- Tata Utala = Herdeiro da casa
- Dikota = Ekedi
- Kijingu = Cargo
- Tata Unganga = O que joga búzios
- Zakae Npanzo = Troncos de árvores colocados nas portas dos santos
- Munzenza = Iniciado
- Ndunbe = Abian
- Vumbi = Egun
- Dizungu Kilumbe = Saída de santo
- Dimba Inkice = Obrigações oferecidas aos santos
- Kumbi Ngoma = Dias de toque
- Kufumala = Defumação
- Dizungu Nlungu = Ordem do barco
Ordem do Barco:
- Kamoxi / Rianga
- Kaiai / Kairi
- Katatu / Kairi
- Kakuãna / Kauanã
Outras Funções e Ritos:
- Sukuranise = Troca das águas nas quartinhas
- Kota = Filhos com mais de 07 anos de feitura